Infiltração marginal em restaurações de resina composta: como evitar falhas adesivas?

Um dos grandes problemas da Odontologia adesiva é a infiltração marginal. Ela normalmente ocorre por uma falha na adesão. Por isso, deve-se prestar muita atenção durante a confecção dos procedimentos restauradores adesivos.

A infiltração marginal não se limita a um tipo específico de restauração, podendo ocorrer em restaurações diretas e indiretas, como por exemplo em restaurações de resina composta, amálgama e cerâmica odontológica.

Na restauração de resina composta fotopolimerizável, além da escolha do sistema adesivo, temos que tomar muitos cuidados na confecção das restaurações no dia a dia, para prevenir sensibilidade dentinária e recidiva de cárie devido à falhas adesivas.

Neste artigo, vamos abordar sobre o que é a infiltração marginal, principais causas, fatores de risco e como prevenir falhas adesivas em procedimentos restauradores.

O que é infiltração marginal?

As infiltrações são falhas entre a resina, o sistema adesivo e a margem da restauração.

Ocorre quando há um espaço microscópico entre a restauração e a estrutura dental subjacente, permitindo a passagem de pigmentos, fluidos e bactérias para a interface dente-restauração.

Devido à falha no selamento das restaurações, a infiltração pode causar sensibilidade dentinária, cárie secundária e contaminação tecido pulpar.

Esse problema acontece, pois, a maioria dos procedimentos adesivos são realizados sem o dentista utilizar o isolamento absoluto.

O próprio vapor de água existente dentro da boca já interfere no procedimento dos adesivos, pois afeta o limite entre a restauração e o dente e faz com que o sistema adesivo não complete a sua polimerização totalmente.

Portanto, a presença de umidade impede a polimerização e a permeabilidade do sistema adesivo nesse local, durante os procedimentos restauradores.

Conheça as causas mais comuns da infiltração:

  1. Contaminação do preparo;
  2. Presença de umidade;
  3. Falha na técnica adesiva;
  4. Contração de polimerização da resina composta;
  5. Acúmulo de biofilme na superfície da restauração.

Por isso, é fundamental que os profissionais estejam cientes desse problema clínico, bem como os sinais e sintomas que o paciente pode apresentar, para saber como com preveni-lo.

A compreensão das causas da infiltração é fundamental para garantir a longevidade das restaurações e o sucesso do tratamento odontológico.

Causas da infiltração marginal na Odontologia

As causas da infiltração são diversas e podem ser atribuídas à uma combinação de fatores químicos, físicos e biológicos, tendo influência também dos hábitos de higiene bucal do paciente.

Um dos principais fatores é a técnica de aplicação do material restaurador, tanto do adesivo odontológico, como da resina composta.

Se a adesão não for realizada de maneira adequada, seja por falha técnica no condicionamento de esmalte e dentina, pela aplicação inadequada do adesivo dental ou devido às etapas do procedimento restaurador com resina fotopolimerizável, o selamento não será efetivo, resultando na passagem de fluidos e bactérias.

Além das questões técnicas, fatores biológicos como a saliva e a presença de bactérias na cavidade bucal também influenciam na infiltração marginal.

Devido à umidade, a salivação pode interferir na adesão dos materiais, sendo fundamental o uso do isolamento absoluto para prevenir falhas entre a interface do tecido dental e o adesivo odontológico.

Por isso, é importante que o dentista tenha um conhecimento amplo das causas do problema, para minimizar os riscos de infiltração.

Outro fator que contribui para essa situação clínica é o profissional não seguir as orientações dos fabricantes de produtos odontológicos em relação ao uso do material e armazenamento do mesmo, pois a exposição à luz, bem como a temperatura de conservação influenciam diretamente nas características físicas e químicas dos materiais odontológicos.

A escolha do material restaurador deve ser feita considerando as características do caso clínico, como por exemplo a extensão do preparo cavitário e a profundidade da restauração, para evitar problemas futuros.

Como prevenir a infiltração marginal

A prevenção de falhas adesivas é fundamental para o sucesso clínico do procedimento restaurador.

A seguir, seguem quatro estratégias que o dentista deve seguir para minimizar os riscos de infiltração:

Isolamento Absoluto

Qualquer procedimento, seja ele realizado com restaurações cerâmicas ou restaurações diretas de resina composta, deve ser utilizado o isolamento absoluto com lençol de borracha.

O isolamento garante um preparo cavitário seco em um ambiente totalmente favorável à adesão.

Dessa forma, vamos otimizar a performance do sistema adesivo e da resina odontológica para garantir o selamento da margem da restauração e o sucesso do tratamento a longo prazo.

Bloqueio do Oxigênio

Outro procedimento que é negligenciado pelos cirurgiões-dentistas é bloquear a presença do oxigênio durante a realização da fotopolimerização.

Se você não bloqueia o oxigênio no momento da fotopolimerização, essa camada superficial de resina ou de adesivo não polimeriza. Então, perde-se o material facilmente e cria-se uma falha na interface.

Essa falha vai facilitar o acúmulo de biofilme e resultará em uma restauração que certamente obterá falhas em curto prazo.

Portanto, é por esse motivo que às vezes ocorre infiltração e falhamos nos procedimentos restauradores.

Fotopolimerizadores não potentes

Outro problema que também temos relacionado a infiltração, é a utilização de fotopolimerizadores não potentes e não confiáveis. Ou ainda, equipamentos que estão há muito tempo no consultório sem a devida manutenção.

Eles também implicam em falha na margem da restauração, diminuição da polimerização e aumentando o risco de problemas a curto prazo.

Por isso é fundamental monitorar a potência do fotoplimerizador utilizando um radiômetro, para garantir a qualidade da polimerização.

Utilizar resinas compostas com conteúdo de carga adequado.

A escolha do material restaurador desempenha um papel essencial na prevenção de falhas adesivas.

Logo, não se recomenda levantar ou fazer um cavo superficial com resinas do tipo flow ou resinas com baixo conteúdo de carga.

Isso também aumentará as falhas no ângulo cavo superficial ou na linha dente restauração, já que essas resinas têm uma capacidade de desgaste ou de degradação muito maior do que as resinas com maior conteúdo de carga.

Conclusão

Para prevenir falhas na interface dente – restauração, é fundamental a correta execução do procedimento restaurador, utilizando isolamento absoluto, resinas com teor de carga adequado para restaurações diretas e realizar o acabamento e polimento das restaurações.

A infiltração é um problema recorrente na Odontologia, mas que pode ser evitado por meio de técnicas adequadas, em conjunto com uma higiene bucal frequente e acompanhamento clínico do paciente, resultando na longevidade das restaurações e prevenindo problemas futuros.

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